Nota do
Editor: Apesar da sua origem Européia, o projeto Entomologistas do
Brasil, entende que sua vida como Entomologista (Entomólogo) foi no Brasil, por
isso esta homenagem.
Oriundo da Prússia Oriental (atual Lituânia), Fritz
Plaumann mudou-se com a família para o Brasil em novembro de 1924, instalando-se
no oeste do estado de Santa Catarina. No mesmo ano, iniciou seus estudos sobre
as espécies de orquídeas e de insetos da região, que se estenderam até 1994. Em
70 anos de trabalho, catalogou cerca de 80 mil exemplares de 17 mil espécies
diferentes de insetos, dos quais 1.500 eram desconhecidas da ciência.
Durante sua vida, recebeu diversas homenagens. Em 1985,
obteve a Medalha do Mérito Universitário da Universidade Federal de Santa
Catarina. No início de 1991, recebeu a mais alta condecoração do campo da
ciência da Alemanha: a Grã-Cruz do Mérito Científico. Também foi considerado o
"maior colecionador de insetos da América Latina do Século XX" pelo presidente
da Californian Academy of Science. Em 1992, obteve a Medalha do Mérito Anita
Garibaldi do governo de Santa Catarina .
No dia 23 de outubro de 1988, foi inaugurado, em sua
homenagem, um dos maiores museus entomológicos da América Latina: o Museu
Entomológico Fritz Plaumann, no distrito de Nova Teutônia, na cidade catarinense
de Seara. O museu possui todo o acervo de espécies coletadas por Fritz Plaumann.
Em 1991, recebeu a Grã-Cruz do Mérito Científico da Alemanha, a mais alta
condecoração do gênero concedida por seu país de origem.
Também foi homenageado por outros pesquisadores, com o
batismo de diversas espécies descobertas com o seu nome, como os besouros
Atenisius plaumanni, Aleiphaquylon plaumanni e Ormeta plaumanni. Há também um
parque ecológico que leva seu nome, localizado na cidade de Concórdia: o Parque
Estadual Fritz Plaumann, criado em 2003.
O Centro Acadêmico do Curso de Agronomia da Universidade
do Estado de Santa Catarina leva seu nome, como homenagem aos seus serviços
prestados à ciência e formação estudantil em cursos de Ciências Agrárias e
Ambientais.
O nome de Fritz Plaumann está gravado em vários livros
de ciência em todo mundo. Em 70 anos de trabalho, o pesquisador descobriu cerca
de 1.500 novas espécies de insetos. Com isso, ganhou o direito de batizar
centenas desses pequenos seres. Hoje, o nome de Plaumann é encontrado em
famílias de insetos (Plaumanniolinae e Plaumaniidae), subfamílias (Plaumanninae,
Plaumanniinae e Plaumanniolinea) e diversos gêneros.
Sem formação acadêmica, o pesquisador conseguiu sozinho
montar equipamentos e um laboratório na sua casa em Nova Teutônia. Aos poucos,
reuniu 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes. Os armários artesanais,
que guardaram a coleção por vários anos, possuíam um sistema de climatização
construído pelo próprio cientista.
Além de colecionar insetos, Plaumann realizou muitos
estudos de zoologia, astronomia e meteorologia. Em seis documentos constam
apontamentos sobre a quantidade de chuva, umidade, vento e temperatura, colhidos
desde 1924, sem falhar um dia, por mais de 70 anos. Trocando livros por insetos,
constituiu uma biblioteca com mais de 2 mil volumes. Fritz ainda teve o cuidado
de colecionar os envelopes das correspondências que recebeu de entomólogos de
todo o mundo.
Em vários momentos, ele sofreu assédio de universidades
nacionais e internacionais para vender seu acervo. Em 1976 chegou a fechar
contrato com a Universidade Federal do Paraná, mas acabou voltando atrás.
Somente no final dos anos 70 a Prefeitura de Seara passou a ajudar o cientista e
adquiriu os direitos sobre a coleção. Hoje ela está exposta num museu construído
em frente à residência de Plaumann em Nova Teutônia. O dinheiro para a
construção do museu foi doado pela Prefeitura, pela UFSC e pelo governo da
Alemanha. As visitas são feitas de segunda a sexta-feira e precisam ser marcadas
com antecedência no caso de grandes grupos.
Hoje são 80 mil exemplares de 17 mil espécies
diferentes, adequadamente preservados em condições ideais de umidade e
temperatura, que formam um acervo entomológico (entomologia é o estudo dos
insetos) que não poderá ser igualado, pois mais de 70% das 17 mil espécies
catalogadas já não existem mais, reunidas no Museu Entomológico Dr. Fritz
Plaumann, construído em frente de sua casa pela prefeitura de Seara e pela
Fundação Catarinense de Cultura, com o apoio do Banco do Brasil, hoje, um
convênio entre a UFSC e a prefeitura de Seara (detentora do acervo), administram
o museu e garantem a proteção à grande obra de Fritz Plaumann. São gafanhotos,
bichos-pau, moscas, vespas, percevejos cigarras, baratas, abelhas, louva-a-deus,
besouros, lavadeiras, neurópteros e borboletas diurnas e noturnas com
indescritíveis combinações de cores e tons.
No caso das borboletas, as musas da coleção, o cientista
teve a preocupação de demonstrar a evolução completa do inseto, do estado larval
ao adulto. Ele adotou esse mesmo critério em relação às espécies importantes
para o estudo de doenças humanas, como o mosquito Aedes aegypt, transmissor da
dengue e da febre amarela.
Dos exemplares da coleção, a maioria (95%) é da região
do Alto Uruguai, que ele começou a explorar assim que se instalou em Nova
Teutônia, município de Seara. O começo foi árduo. Tinha de dividir o tempo entre
o trabalho duro de amanhar a terra como agricultor, as tarefas de professor
(responsável pela alfabetização de várias gerações de habitantes da região) e o
estudo de entomologia. Foi também fotógrafo ambulante e comerciante. Em meio a
essas atividades, ainda arranjava tempo para enveredar pelas florestas do Alto
Uruguai, em busca de insetos. Nessas ocasiões, um cão era o seu único e fiel
companheiro. Só na década de 50 ele teve mais tempo e recursos para se dedicar
às pesquisas. Nessa época, com um caminhão International ou um jipe importado,
rodou pelo Pantanal, pelo oeste e norte paulista e até pelo Rio de Janeiro em
busca de novas espécies.
Fritz Plaumann faleceu às 9h45min do dia 22 de setembro
de 1994, por problemas respiratórios. Sua vida é relatada no livro O Diário de
Fritz Plaumann, lançado em 2001 pela escritora Mary Bortolanza Spessatto, e no
episódio O Colecionador de Insetos, do programa Santa Catarina em Cena, da RBS
TV, exibido em julho de 2009.